As fotografias

domingo, dezembro 28, 2008

Tyrant

The dreamers, so sweet they were
Enchanted by all the mist,
rivers of green and pearl
Prisoners at my closed fist.

"Let them go" - the grunges implored
wavering a tall white flag
but my heart made of gold
denied such a drag

Alienated from all that
my love was stronger than thought
and believing in a brighter future
I was blind to the luck I bought.

In the end, supposedly
Colours should blasted my eyes
but the sickness was too harsh
and stone am I, they were just lies.

quinta-feira, dezembro 25, 2008

Tentativa II

Damos a mão.
Enlaçamos o futuro.
Resignamos à solidão
Saltamos o muro.

Que belo horizonte resplandescente, um fogo vítreo, púrpura e azul.

Fez-se luz, um raio
seta sagrada
Resolveu-se a cegueira
viu-se a estrada.

E agora caminhando, os passos traduzem o movimento. Partem daqui chegam ali, sempre.

Sapatos gastos
solas rasgadas
pedras no caminho prometem
difíceis escaladas

E surge então o Hélio, com toda a sua força. As sombras esticam ao limite da humanidade.

Não há destino
o caminho é o fim.
Mas vamos juntos
é melhor assim.

Memória

Num concurso divertido,
divertido a valer.
Com palavras farei quadras
p'ra no fim poder vencer.

(fiquei em segundo lugar)

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Tentativa I

De tanto folheado um livro perdeu a cor.
A tinta dissipou-se entre as páginas brancas de papel e as mãos desejosas de sapiência.
Agora pousado sobre a mesa, aguarda firmemente o dia em que voltará a ser útil.
Não será preciso esperar muito, o frio pede mais fogo.

E eis que de repente
Num febril surto
abre-se a larga porta
e vislumbra-se um vulto

A mão delicada percorre a madeira.
O relevo, os veios, as marcas do tempo estão dissimulados com uma dose generosa de verniz.
Tropeça no livro, pausa.
Avança agora no ar, aproximando-se da face.
A que cheirará um livro sem histórias?

E das palavras vãs
que se leram outrora
movimentos bruscos
põem fim à demora

"Oh!", exclamação seca e sem grande emoção.
Prelúdio de um futuro inesperado, de uma sorte sinistra.
O livro escapou da fogueira.
É agora um calço na mesa bamboleante.

Fútil é a arte inútil
aquela que se quer ter
Mas quando útil se torna
nada mais há a dizer

sexta-feira, março 28, 2008

Custa-te muito ser assim?
Pega lá nas tuas coisas e sai da ombreira da porta, faz-te à vida rapaz.

Fragmenta-se a consciência afectiva. Os sentimentos devem valer tão pouco.
De corações partidos faz-se peças de montar giras. Ontem fiz um barco pirata com resto do coração de uma viúva e para fazer o mar utilizei uma criança que tinha sido privada da sua mãe.

O meu coração precisa de muita cola. Posso arriscar até que precisa de toda a cola do mundo. Na primária já não se vai poder fazer elefantes com cabeça de Girafa, nem tão pouco a minha avó vai poder colocar o puxador daquele armário velho de novo no sítio. Mas preciso que alguém me traga a cola, neste momento não consigo andar.

Não me apetece escrever mais.

De noite

A noite caiu em silêncio.
As palavras foram escritas e silenciosamente lidas.
As reacções foram silênciosas e nem por isso agradavéis.
O silêncio foi desagradável.

segunda-feira, março 10, 2008

Enquanto se espera por uma aula

Enquanto se espera por uma aula de biologia microbiana. Enquanto pequenos seres que só vemos como manchas em aglumerados de milhões crescem em estufas de ambiente controlado. Eu passeio pela instabilidade do clima, e a chuva toca-me os cabelos, e a face, e fico com algumas gotas entre as pestanas. Não são flocos de neve, mas pelo menos chove.

Hoje o dia instável, e a barulho pouco usual de uma sala de estudo, não me diz muito. Hoje uma conversa sobre princípios éticos "Mata-se o doente terminal? Ou a vida está ali em cima, num sítio muito alto e as nossas mãos sujas e mundanas não são dignas de se erguerem e puxarem de uma vez a sombra metabólica que definha em guinchos e olhares perturbadores?" não chega, e nada parece interessante.

Limpar o pó a este espaço. As baterias da melancolia estão recarregadas e já é Inverno outra vez. É a altura para escrever sobre a chuva e cãezinhos abandonados. E sobre os preços do pão.

As pessoas apertam-se mais nas paragens para não se molharem, e os cheiros misturam-se, envolvem-se, dão-me náuseas, fazem-me tonto, vou vomitar em cima deste, o que cheira a alcoól e almíscar. Mas depois paro, o cheiro a vómito seria deveras muito pior. A sandes de ovo por esta altura já teria adquirido um aspecto pouco agradável.

Vou voltar ao "fórum", e aos fóruns. Ainda faltam 30 minutos para vestir a bata e acender o fogo estéril. ainda tenho mais algum tempo para questionar-me sobre as opiniões alheias, para tecer comentários interiores, mesquinhos e desagradáveis.

O telemóvel não tocou muito hoje, as coisas não foram assim tão boas, as mensagens não foram assim tão positivas. Hoje nem sequer vi nenhuma criancinha a dizer coisas que quebram a inocência, nem idosos a falar bem do governo. Hoje ninguém me disse um olá assim mais particular, e os lábios que me tocaram foram apressados.

Ai de quem fume em paragens apertadas, para a próximo vomito em cima da senhora grávida, sempre causa mais impressão.